Adão e a Promessa de Cristo – da criação e à redenção

Adão pode ser analisado de forma direta e profeticamente. Na Bíblia, ele é colocado como o filho físico de Deus na criação (genealogia de Jesus de Lucas 3:23-38), mas também pode ser compreendido como o símbolo profético de Cristo. Ao longo das Escrituras, Adão continua sendo citado depois da sua morte como figura chave na história da redenção – especialmente em contraste com Cristo.
Adão não é descrito fisicamente com detalhes, mas Deus revela quem ele é por meio de sua origem, da função que lhe foi atribuída e da sua responsabilidade diante do Criador.
Adão aos olhos de Deus
Vamos, primeiramente, entender como o próprio Deus enxergava Adão dentro do contexto da criação:
1. Feito à imagem e semelhança de Deus
“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
(Gênesis 1:27)
Essa é a descrição mais profunda sobre Adão: ele foi criado à imagem de Deus. Isso significa que, que foi criado, Adão carregava em si atributos como racionalidade, moralidade, capacidade relacional, autoridade e criatividade. Ele era reflexo direto da natureza divina, chamado a representar o governo de Deus na criação.
2. Formado do pó e vivificado pelo fôlego de Deus
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.”
(Gênesis 2:7)
Adão foi criado como a representação física da ligação entre o mundo e Deus – a conexão da terra e do Espírito de vida que veio do próprio Criador. Após a queda, Adão passou a representar a tensão entre fragilidade e glória, com corpo terreno e espírito vindo de Deus.
3. Colocado no Éden com propósito
“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.”
(Gênesis 2:15)
Adão não foi criado para o ócio, mas para servir. Ele tinha uma missão: cultivar e guardar o jardim. Isso revela que o zêlo faz parte da vocação humana desde o princípio.
4. Ser moral e responsável diante de Deus
“…mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás…”
(Gênesis 2:17)
Deus tratou Adão como alguém responsável. Ele tinha liberdade e consciência. A ordem divina revela que Adão podia obedecer — ou não. Ele era moralmente responsável e possuía plena capacidade de decidir.
Adão e Cristo: O primeiro e o segundo Adão
O apóstolo Paulo retoma a figura de Adão para mostrar como o pecado entrou no mundo e como Cristo veio restaurar o que foi perdido:
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte…”
(Romanos 5:12)
“Porque assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.”
(1 Coríntios 15:22)
“O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.”
(1 Coríntios 15:45)
Esses textos revelam um contraste: Adão é o cabeça da criação natural, terrena, por quem a morte entrou. Cristo é o cabeça da nova criação, a espiritual, por quem a vida eterna é oferecida. Onde Adão falhou, ao cair da sua posição espiritual próxima de Deus, Cristo venceu e nos reconciliou com o Pai.
Adão na tradição judaica e nos textos apócrifos
Além da narrativa bíblica, a tradição judaica e os escritos apócrifos desenvolvem uma imagem ainda mais ampla de Adão:
- Livro de Enoque: retrata Adão como o primeiro a ser julgado e o marco inicial da história do pecado.
- Vida de Adão e Eva: um texto apócrifo que detalha o arrependimento de Adão após a queda, com orações, jejum e dor profunda.
- Talmude e Midrashim: descrevem Adão como um ser imenso, cheio de sabedoria e glória antes da queda — e profundamente arrependido depois dela.
Esses registros mostram como Adão se tornou símbolo da humanidade que caiu, sofreu e ansiou por redenção. Afinal, Adão e Eva foram os únicos humanos que experimentaram a vida humana próximas de Deus, e sabiam de onde tinham caído.
A queda de Adão abriu caminho para a promessa – e para a vinda do “último Adão”, Jesus Cristo, o restaurador da vida. A história de Adão nos chama a refletir sobre o que perdemos, que foi restaurado por meio da cruz, e será entregue a todos que se apegarem firmemente à promessa de Cristo.